quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Comer, rezar, amar... e pensar



Gosto muito de produções de cinema que conseguem unir o real ao lúdico, as angústias da vida com a esperança de um futuro melhor. Isto é o ser-humano, isto é ser humano: produtor de antagonismos e vítima de suas próprias contradições, mas inevitavelmente belo em toda sua integralidade e fascinante na sua inteireza.


O filme me impactou pela sua beleza e realismo, pela sua romântica visão das dores da vida. Impactou tanto quanto Carta para Julieta, que mostra a vida de forma "romântica incurável", esperançosa incansável, amante ardorosa dos relacionamentos humanos, apesar de tudo e de todos.


É uma produção muito bem feita. Julia Roberts, está impecável e Javier Barden também, dois profissionais que admiro demais. Dá para entender porque ele foi escolhido para o papel, embora passar por brasileiro tenha sido uma tarefa tremendamente árdua para ele. Aparentemente, ele "não deu conta", mas ainda bem que não deu. Se os autores tinham intenção de passar a imagem de um homem meigo, sofrido, com vontade de amar, mas com muito medo, na minha visão, o homem brasileiro ainda consegue ser mais medroso, menos meigo e menos comprometido com as emoções de uma mulher do que o espanholíssimo Barden conseguiu representar. Então acho que ele se saiu melhor que um brasileiro teria se saído, rs. Pelo menos ele teve coragem de recomeçar, apesar de suas hesitações, coisa que em geral o homem brasileiro não faz, salvo raríssimas e louváveis excessões.


Eu havia passado a tarde inteira trabalhando com um amigo e estudávamos um certo perfil de pessoa para uma palestra que vamos dar dentro de alguns dias. O tempo todo um tema se repetia: a falta de coragem que as pessoas tem para assumir riscos. O filme fala sobre isso também.


A gente quer amar sem perder o equilíbrio, sem sofrer, sem perder o controle da gente mesmo... como se isso fosse possível. Mas amar é perder o controle, é perder o equilíbrio, é arriscar certezas, é dar passos no escuro, no fim das contas, amar é um tremendo exercício de fé. É fechar os olhos e se lançar na confiança que você tem na outra pessoa. Não dá pra ser de outro jeito. Não tem como ser de outra forma. Depois de ter sido decepcionado pela vida, pelo seu grande sonho de amor, é ter coragem para fazer tudo outra vez porque amar vale muito à pena.


Assistam ao filme e tenham coragem de amar de novo! Vale muito à pena!