Nasci no verão, adoro suas chuvas,
chuvas consistentes,
não se contentam em molhar,
têm que enxarcar.
Da minha sacada contemplo a beleza dos pingos
que descem fortes e pesados...
Ora retos, ora transversais,
enviezados
perfurando as águas nas piscinas,
transformando as águas plácidas
numa superfície azul pontilhada, perfurada...
O céu se transforma...
Um raio! Um trovão!
Algum vizinho desfruta seu baseado da sacada
Mas é a minha sala quem recebe
o aroma da cannabis. Não gostei.
Sou maconheira passiva?
O céu se transforma...
Ontem à noite era límpido, claro, encantador.
Sentei-me sobre a cadeira branca da sacada
para contemplar o anoitecer no shabbat.
Tinha muitas cores,
camadas azuis, cinza, rosa-avermelhado.
Não resisti. Fotografei.
Depois a lua crescente me fitou
sorrindo, prateada e pura.
O céu se transforma...
Outro raio! Outro trovão!
A chuva enfraqueceu.
As antenas piscante ao alcance dos meus olhos
acusam a Meca desta "Selva de Pedra".
Conseguem ver o que vejo?
O céu se transforma...
Na piscina, os pingos, pontilham
como cabeças de alfinetes.
O sol volta a brilhar entre os pingos.
Com seus raios invade meu jardim suspenso.
Vejo a gratidão das minhas suculentas.
LDM (15/12/2023)